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segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

"Te quero, mas não te quero..."

Dando uma olhada na net, eis que encontrei um texto excelente no blog Crônicas do Sr. Apêndice (www.cronicasdoapendice.blogspot.com), e por isso postei para que você reflita caso esteja nesta dúvida cruel ou quem sabe no futuro!

 
Tem contradições que só o amor é capaz de nos fazer viver. A incoerência do que sentimos e o desacordo do que dizemos, só são possíveis mesmo através dessa coisa insana. Afinal, que graça teria amar se não fosse pelas confusões e diversidades que esse sentimento nos faz sofrer? (Finjam que acreditam nisso, e tomar doses de calmante para dormir vai fazer muito mais sentido...)

Assim, nessa loucura, dizer "eu te amo" uma hora, e "eu não te suporto mais" em outra, é tão banal quanto um sanduíche de presunto e queijo. Querer estar perto e longe não se trata mais de uma questão relativa ao tempo e espaço, idéia que faria até o próprio Einstein jogar fora sua teoria e cortar os pulsos com uma faca de serrinha. Por isso, antes que vocês façam o mesmo porque o relacionamento chegou ao impasse do "quero, mas não quero", o titio Apêndice aqui vai tentar confundi-los ainda mais. (Se não der certo, lembre-se que a cachaça está aí para isso mesmo!)


A primeira coisa a se pensar, é que as pessoas são complicadas, complexas e cheias de manias. Logo, seus relacionamentos inclinam-se a seguir essas tendências. Uma pessoa confusa (daquelas que quando vai fazer vestibular, fica em dúvida entre Engenharia Agrícola, Enfermagem ou Filosofia...) possivelmente terá o mesmo comportamento quando inventar de se enfiar em uma relação. "Mas o comprometimento pode mudar uma pessoa, a deixar menos confusa", um de vocês certamente irá me alegar. Aham, e isso é tão certo quanto o Paraguai ganhar a Copa do Mundo. A dúvida é uma lêndia na cabeça das pessoas, alojada ali desde o dia em que se começa um relacionamento. O tempo dessa lêndia eclodir, virar piolho e começar a coçar pode variar, mas no entanto, para todos os efeitos, ela sempre estará lá. E não tem Escabin que a remova, nem mesmo se você for careca.


Outro ponto a ser considerado, e aí, eu jogo mesmo a batata quente sobre vossas mãos queimadas, vem por meio daquela pergunta clássica que nossos pais fazem constantemente: "o que você quer da vida?". Sim, isso mesmo! Um relacionamento tem tudo a ver com um objetivo de um padrão/modelo de vida que você deseja. Ok, sei que as palavras "modelo de vida" e "relacionamento" podem assustar mais do que um zumbi da Dercy Gonçalves e o ET de Varginha fazendo sexo em 2012, mas pensar sobre isso pode ser uma luz. Você quer farra? Beber até morrer e cair na pegação? Quer ficar só na tua, sem alguém te cobrando? Então para que você precisa de um comprometimento com alguém?

Ah, mas você gosta da pessoa... Já estão há um tempo considerável juntos, desenvolveram um sentimento e até caíram na asneira de dizer "te amo para sempre e nunca vamos nos separar." Por isso, ao olhar para a criatura do seu lado, não dá para imaginar por qual ralo escorreu todo aquele mundo de sentimentos intensos e aquela vontade, quase que vital, de estar ao seu lado. Antes, se a pessoa não ligasse, você quase morria de agonia. Hoje, você não faz mais nem questão de atender o celular, mesmo que ele(a) te ligue umas 10 vezes por hora.

Eu sempre me pergunto como alguém pode ainda querer continuar um relacionamento, mesmo com dúvidas e indiferenças? Bem, eu também vivo me questionando como tem pessoas que colocam piercings nas genitálias, gastam $550,00 dólares para comerem lesma no Ritz e votam no Sarney. E por mais que eu não compreenda essas e outras coisas, sei que o principal motivo de várias relações perdurarem e se arrastarem feito chinelos em um asilo, deve-se ao tal apego, oriundo da nossa mais íntima e profunda carência humana. Ora, se é tão difícil jogarmos fora certas coisas que nos trazem boas lembranças, seja lá um urso de pelúcia, um bilhete ou até mesmo um papel de bala, o que se dirá de um relacionamento!


A própria confusão, do querer e não querer tal pessoa, é no fundo uma dificuldade visceral que temos de nos desprender daquilo que tanto nos fez bem, como uma roupa favorita que não nos serve mais. Por isso ficamos tão agoniados, reclamamos tanto da situação a qual estamos submetidos. Queremos ficar livres, desimpedidos, mas nos negamos a pagar o preço por isso. E daí, de nada nos serve as indagações internas, os cálculos avaliando se vale mesmo a pena largar um relacionamento com tanta coisa vivida. Porém, o negócio, doa a quem doer, na maioria das vezes é tudo uma questão de egoísmo, pois ficamos tão focados nas nossas necessidades que quase esquecemos da outra pessoa. Ah, sim... a outra pessoa! Pois é, você está pronto para deixar ela também cair na gandaia e seguir sua nova vida, hein? Preparado para a ver beijando outra boca? Ver que você ali não tem mais mando de campo? É, eu sei, pimenta nos olhos dos outros é colírio...


Por isso, sejam objetivos e reflitam bastante quando chegarem nesse momento crucial de seus relacionamentos. Perguntem-se várias vezes: "consigo me imaginar daqui a uma semana, um mês, um ano ou um século ao lado dessa pessoa?" ou, "por que eu quero tanto essa criatura na minha vida, se eu não a agüento mais?". Não tem outro jeito, mas despedir-se de um relacionamento, é no fundo, dar um adeus para um pedaço de nós. A vida tem que seguir em frente, não adianta fazer birra, chorar e espernear. Felicidade não combina com "quero, mas não te quero", assim como o amor não tem boas relações com a dúvida.

Fica então a sabedoria daquele velho ditado, uma pérola da filosofia popular: "na vida, tem horas que ou se caga, ou se desocupa a moita". Pois, por mais que pareça o contrário, não podemos guardar as pessoas em uma gaveta e as deixar jogadas por lá, enquanto o mundo congela para pensarmos no que fazer. E cair na farra, óbvio... 

Por Dr. Apêndice
Fonte: cronicasdoapendice.blogspot.com

Um comentário:

  1. Olá! Fiquei muito contente em encontrar meu texto por aqui, e principalmente pela indicação do meu blog no seu. Espero que ele realmente tenha ajudado você (e seus leitores) a refletirem sobre as inconstâncias dos amor e suas relações! Um abraço

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